quinta-feira, 18 de junho de 2015

Viagem ao Líbano

O post de hoje é uma colaboração do nosso amigo Fernando Rovéri, que fez uma viagem incrível para o Líbano. Esperamos que gostem deste relato e das dicas!

Haddad, Maluf, Skaf, Kassab, Temer. Você deve estar se perguntando: “Por acaso vim parar em uma página sobre política? Não, você está aqui mesmo, no Oysters' World. O motivo pelo qual este texto começa com esses famosos sobrenomes é apenas um gancho inicial para falar sobre um pequenino país do Oriente Médio, que muitos já ouviram falar, conhecem sua gastronomia, seus imigrantes e descendentes – inclusive esses citados acima – mas que poucos turistas planejam visitar.

Crédito: Wikipedia (Lebnen18)



Esse país é o Líbano. Pode-se não perceber, mas a influência da cultura libanesa no Brasil, principalmente em São Paulo, é imensa. Os próprios habitantes do país dizem que há mais libaneses aqui do que lá, o que é verdade: são apenas 4 milhões lá e 7 milhões vivendo no Brasil. Na verdade, o número é uma estimativa e inclui os descendentes. Há libaneses espalhados mundo afora, em diversos países da Europa e também nos Estados Unidos, mas a maior e mais forte comunidade ainda é a brasileira.

Os libaneses cresceram com força no Brasil. Simpáticos, trabalhadores e com tino para o comércio, vários deles se tornaram comerciantes e empresários poderosos. Os sobrenomes citados no início deste texto são todos de origem libanesa. Até hoje, ao caminhar pelas ruas do Centro de São Paulo, principalmente próximo à 25 de Março, é fácil encontrar descendentes ou libaneses mesmo, que migraram já há algum tempo. Além da força de trabalho, trouxeram a cultura e a espetacular gastronomia, que se tornou muito popular no Brasil. Quibe, esfirra, tabule, fatuche, kafta – são apenas alguns exemplos.

Os turistas brasileiros ainda têm certa resistência com o Oriente Médio, por diversos fatores: a influência – quase sempre negativa – da mídia, o preço das passagens, a dificuldade com a língua, a forte influência religiosa, o clima e os constantes conflitos entre os países da região. De fato, alguns lugares são mais perigosos e exigem um preparo especial, mas o Líbano vai na contracorrente desses estigmas. É um país lindo, com paisagens exuberantes, pessoas muito acolhedoras e preços acessíveis. Com exceção da hospedagem – pois até mesmo os hotéis mais afastados não são muito baratos –, os valores são bem camaradas, principalmente para comprar e comer. Por isso, o objetivo desse texto é quebrar alguns tabus, fornecer a maior quantidade possível de informações e aguçar a curiosidade de todos para que visitem este pequeno e maravilhoso país.

A CHEGADA
Ainda no avião com destino a Beirute, a companhia aérea distribui um formulário que deve ser preenchido e entregue ao oficial da imigração, nada muito complicado. Além das informações pessoais, eles pedem o endereço de onde estará hospedado, por isso é bom ter em mãos o voucher do hotel. Se alguém for lhe hospedar, peça uma carta-convite assinada, escrita em inglês mesmo. No caso, a oficial não pediu documentos, apenas o formulário preenchido e o passaporte. Ela verificou todas as folhas, uma por uma, para ver os carimbos. Isso será esclarecido adiante.

Assim como outros países do Oriente Médio, a infraestrutura é precária. Não há metrô, trem, e as linhas de ônibus são confusas. A melhor opção ao sair do aeroporto é mesmo o táxi. Mas atenção: dê ao motorista o endereço e combine o preço antes da corrida, pois eles não têm taxímetro e podem cobrar o valor que quiserem.

BEIRUTE
A capital do Líbano é a maior cidade e também a mais populosa do país, com cerca de 1,9 milhão de habitantes. É possível conhecê-la bem em três dias, e revirá-la de ponta-cabeça em cinco. A cidade é pequena e, apesar do problema do transporte e do trânsito bagunçado, muito comum em países do Oriente Médio, pode-se andar tranquilamente pela cidade. E, sim, é seguro. Inclusive para mulheres.

A melhor opção é ir direto nos principais pontos turísticos da cidade e, aos poucos, ir para outras regiões. Hospedagem mais afastada da região central não é um problema. Basta pegar um táxi, o valor é acessível. Mas, repetindo: o valor da corrida deve ser combinado antes. Normalmente os hotéis ajudam com isso, e também os próprios libaneses, sempre muito solícitos. A impressão que se tem é que o turista tem sempre um tapete vermelho à sua frente.

Caso queira começar o passeio por um ponto central e de lá ir adiante, a melhor escolha é a Nejmeh Square, ou Place de l’Etoile (não confundir com a de Paris), mais conhecida por nós como a Praça da Relógio. Esse é um dos principais cartões-postais de lá. O relógio foi um presente à cidade dado por Michel Abed, emigrante libanês-brasileiro, ainda na década de 1930. Ao redor da praça, muitos cafés e restaurantes, transeuntes e turistas. Costuma lotar à noite, principalmente no verão. Caminhar por ali, de dia ou à noite, é uma delícia. E os cafés e restaurantes ao redor são ótimos.

Nejmeh Square (Praça do Relógio)




Ao contrário da maioria dos países árabes, o álcool é liberado. Então ninguém precisa se preocupar se quiser caminhar pelas ruas com uma cerveja na mão. E são boas. A mais famosa é a Almaza, ideal pra bebericar no calor.

Saindo da Nejmeh Square, o ideal é explorar as ruas ao redor e admirar as construções de estilo colonial francês. O Líbano foi colônia francesa, e eles souberam e gostam de preservar essas características, tanto que na maioria das placas de rua se vê Rue (Rua, em francês).



Por ter passado por muitas guerras e bombardeios, a reforma é constante e muitos prédios estão cobertos por tapumes. Vários edifícios ainda estão com as marcas de balas. A último grande ataque sofrido foi em 2006, quando Israel bombardeou o país.

Reconstruindo Beirute | Marcas do passado




Ao mesmo tempo que o antigo é preservado, o novo também surge. Aqueles típicos arranha-céus ultramodernos começam a desenhar a nova arquitetura de Beirute. É interessante ver esse contraste, assim como é mais interessante ainda ver uma mesquita e uma igreja em uma mesma rua, lado a lado, convivendo harmoniosamente, como a famosa Mesquita Azul ao lado da Catedral Maronita de São Jorge e da Catedral Ortodoxa Grega de São Jorge. Isso faz do Líbano um país mais maleável e tolerante no que tange às religiões dentro do Oriente Médio.

A Mesquita Azul e as catedrais estão também no centro de Beirute. Ali perto também estão os banhos romanos, com séculos de história. Há também ruínas de construções feitas por bizantinos, persas e otomanos, as quais o governo libanês, em parceria com outros países, está se esforçando para preservar.

Mesquita Azul | Centro









Algumas ruas estão fechadas pelo exército e os soldados não permitem passar. Uma dica: não os fotografe, nem mesmo à distância. Isso pode causar problemas. Se a rua estiver ocupada por eles, melhor não fotografar.

O centro ainda tem museus, além de mais mesquitas e igrejas. Para quem quiser fazer compras, uma ótima opção é o Beirut Souks, com cerca de 200 lojas e uma arquitetura incrível. Apesar de estar em uma região “rica” e turística, os preços são ótimos. Há lojas conhecidas, como Zara e H&M, mas o bom mesmo é procurar as lojas menores. Há roupas incríveis e baratas, principalmente femininas. Só é preciso tomar cuidado com algumas peças “excessivas”, já que as libanesas adoram andar “arrumadas demais”. Elas gostam de muito brilho, saltos altos e maquiagem fortíssima. No Souks é possível encontrar de tudo, e também comer, embora o ideal seja mesmo ir nos restaurantes nas ruas, mais baratos e com refeições mais saborosas.

E já que o assunto é comércio, ninguém deve sair de Beirute sem antes visitar o fascinante Burj Hammoud, ou “Little Armenia”. À primeira vista, pode-se achar o bairro feio e sujo, mas essas impressões vão embora quando se convive com a população local, majoritariamente formada por armênios. Libaneses e armênios sempre tiveram boa convivência, e ambos têm aquele tino para o comércio.

O comércio popular reina. Tem de tudo, mas tudo mesmo, e os preços são infinitamente menores se comparados à região central. Porém, quem quer comprar roupas “finas” não vai achar muita coisa, pois o foco é o popular, mas nem por isso é feio ou ruim. Para quem gosta, há uma boa quantidade de lojas de cama, mesa e banho. Para quem quem comprar os típicos souvenires de viagem – aqueles com a bandeira do país, paisagens etc. – deve comprar no Burj. Há belíssimos acessórios de marchetaria que valem a pena ter. Para quem gosta de louças, o local também tem diversas opções.

Lojas populares na peculiar e simpática Little Armenia. |  E sim, isso é um vestido de noiva





Vale lembrar: negociar é com eles mesmo. Alguns jogam o preço nas alturas porque querem mesmo negociar. Eles gostam. Por mais que exista a dificuldade da língua, a negociação sai. É mostrar os valores com as mãos, o dinheiro, arranhar um inglês, enfim. A maioria das pessoas que visitam o Burj Hammoud saem de lá abarrotadas de compras.

Burj também é uma ótima oportunidade para provar a gastronomia da Armênia. É parecida com a comida libanesa, mas com mais tempero, principalmente a pimenta. Os restaurantes podem parecer imundos do lado de fora, mas confie. É tudo limpo, bem limpo. Ninguém deve sair de lá sem provar o shawarma feito ali. Acredito que nenhum em todo o mundo seja tão saboroso. Inspire-se aqui.

Shawarma maravilhoso!



O dia pode ser finalizado com mérito, assistindo o pôr do sol na frente do mar Mediterrâneo. Boa opção é ir até o calçadão da Corniche, também conhecida como Avenue Paris, e caminhar enquanto o sol se põe. Ali também fica outro ponto turístico importante da cidade, a Pigeon Rocks. Para quem gosta, o Hard Rock Café fica nas proximidades, mas também há outros bons restaurantes que servem a espetacular comida libanesa.

Fãs de fast-food devem se preparar. As lanchonetes existem mas são raras. A população em geral não gosta desse tipo de comida, e mesmo que queiram comer hambúrguer e batata frita, preferem ir a uma lanchonete mais artesanal. Comer é uma atração à parte no Líbano.

Os libaneses valorizam muito a própria gastronomia, e o ato de sentar à mesa com familiares e amigos é uma atração à parte para eles. Um almoço ou jantar pode durar horas e horas. Tudo é farto, fresco e muito saboroso. Se receber um convite para jantar na casa de alguma família, aceite. Além da ótima comida, a receptividade é ótima.

Jantar: comida boa e farta



Baladas: sim, Beirute tem uma vida noturna intensa, principalmente no verão. A região central concentra a maioria dos bares e clubes, e pode-se encontrar de tudo, desde shows de música local a música eletrônica. Eles costumam sair muito arrumados e perfumados. As mulheres podem sim usar roupas curtas no verão, os homens respeitam e não há assédio nas baladas. Pelo menos foi o que vi.

ALÉM DE BEIRUTE
Por se tratar de um país pequeno, pode-se percorrer o Líbano em poucos dias. Ao sul, as cidades de Tiro e Sídon têm praias maravilhosas e ruínas que datam de séculos. Ao norte, há Jounieh, Baalbek e a incrível Biblos. Na época da viagem, não foi possível visitar Baalbek por estar próximo à divisa da Síria e o período estava turbulento, mas Jounieh e Biblos são cidades tranquilas e muito fáceis de chegar. O ideal é perguntar no hotel, mas o táxi pode ser uma boa opção.

JOUNIEH
Jounieh fica a cerca de 15 quilômetros ao norte de Beirute. É uma cidade bem menor se comparada à capital, com cerca de 115 mil habitantes. No verão, muitos turistas costumam se hospedar ali por causa da praia e também pelos hotéis a preços mais acessíveis. Mas a cidade tem outros atrativos. Um dos mais visitados é Harissa, um vilarejo situado nas montanhas. A melhor forma de chegar lá é pegar o teleférico em Jounieh que passa por cima da cidade. A vista para o Mar Mediterrâneo é incrível. Mas a atração principal de Harissa é a imagem de Nossa Senhora do Líbano no topo da montanha.

Mar Mediterrâneo visto do alto de Jounieh


Além da praia e do teleférico, Jounieh também tem um forte comércio, principalmente próximo à praia, além de boas opções para comer. Caso passe pela cidade, não deixe de ir no restaurante Manuella, sem dúvida o melhor do país, sem exageros. Trata-se de um restaurante imenso com muita, mas muita opção de pratos. Optamos pelo rodízio de peixes, a 40 dólares por pessoa. Era muita, mas muita comida, e tudo muito gostoso, saboroso e incrível. Assados, fritos, cozidos, frutos do mar, saladas e, claro, os tradicionais: coalhada seca, pão árabe, tabule, entre outros.

Em julho acontece o Jounieh International Festival, com shows, dança e uma queima de fogos que já faz parte do calendário anual do país. Para quem gosta, há também o Casino du Liban, mas é o tipo de programa que não deve agradar a todos. Jounieh também tem o interessante Lebanese Heritage Museum, com artefatos dos períodos grego, romano e bizantino, entre outros, e maravilhosas peças de cerâmica persa do século XVII.

Mas, apesar da diversidade de atrações, a mobilidade em Jounieh é bem mais difícil que em Beirute. Por isso, o ideal é contratar algum motorista ou combinar com um taxista. Os hotéis também podem ajudar.

JEITA GROTTO E KFARHIM GROTTO
A Jeita Grotto é uma gigantesca gruta que fica a cerca de 20 km de Beirute, e é considerada uma das 7 Maravilhas do Mundo Natural. Infelizmente não se pode tirar fotos da gruta, sabe-se lá por quê, mas é um programa indispensável para quem gosta de natureza e também para quem tiver tempo, pois se situar entre as montanhas e só se chega até lá de carro.

A parte de cima da gruta tem enormes “salões” naturais com amplitudes imensas, e a parte de baixo tem um rio de águas muito cristalinas, de cor azul esverdeada, no qual se atravessa de barco.



A Kfarhim Grotto é também outro passeio fundamental. Não é imensa como a Jeita, mas também vale o passeio. Essa gruta foi encontrada em 1974 por um grupo de garotos que jogavam futebol na área! Tem formações rochosas que, segundo estudiosos, ultrapassam 4 milhões de anos. As luzes instaladas no interior da gruta dão um toque, digamos, “psicodélico”.

PALAIS DE BEITEDDINE
Esse palácio foi construído entre os anos de 1788 e 1818, sob a direção do então emir Bashir Shihab II, que na época comandava o país. Depois que o palácio foi construído, o emir exigiu que as mãos dos arquitetos fossem cortadas para que eles não fizessem mais nenhuma construção semelhante, para tornar o palácio único e exclusivo em todo o mundo.



Bashr Shihab II viveu ali até 1840. O palácio foi posteriormente ocupado pelos otomanos e se tornou residência dos governantes. Foi também um prédio administrativo durante a ocupação francesa na Primeira Guerra Mundial. Após a independência em 1943, o Palais de Beiteddine foi a casa de verão do presidente do país. Como todo palácio, há salões e dormitórios suntuosos, cobertos de mármore. Ideal para quem aprecia a monumental arquitetura árabe.

MOUSSA CASTLE
Este pitoresco e interessante castelo é uma atração à parte e um dos principais pontos turísticos do país. Sua história é bem interessante: um então jovem e visionário libanês chamado Moussa Abdel Karim Al-Maamari tinha o sonho de construir seu próprio castelo. Tal sonho cresceu quando ele se apaixonou por uma libanesa rica que o ridicularizou: “quando você tiver o seu próprio palácio, venha falar comigo”. Em 1962, ele começou a construí-lo no meio das montanhas. Segundo ele, foram movidas 6.540 pedras gigantes de cerca de 150 quilos até lá, e ainda fez questão de lapidá-las, uma por uma (!). Antes mesmo do castelo ficar pronto, o local por si só já se tornou um ponto turístico, pois todos queriam ver de perto tal feito. Um dos visitantes na época foi Camille Chamou, que na época era Ministro dos Interiores do país (ele posteriormente também foi presidente). Camille ajudou Moussa Abdel com o valor de 60.000 libras para a continuação da construção. Posteriormente, ele também recebeu ajuda financeira de outros governantes e empresas. O resultado é um grandioso castelo no meio das montanhas.



O melhor ainda está por vir. Moussa Abdel “recheou” o interior do castelo com figuras feitas de argila que representam o cotidiano de um vilarejo libanês de diversas formas. Há imagens religiosas, fazendeiros, famílias, e a mais pitoresca e divertida representação de uma sala de aula: um professor furioso pune um aluno enquanto seus colegas de classe ou estão indignados ou zombam dele.



Vale lembrar que esse homem visionário ainda está vivo e é uma celebridade local.

RESUMINDO…
Visitei o Líbano a convite de casamento de uma amiga brasileira que mora lá e se casou com um libanês. A cerimônia foi linda e a festa um estouro, com muita comida (como sempre), danças e fogos de artifício.

Por isso, não tive tempo de visitar outros locais de grande importância, como Baalbek. Biblos também é uma atração maravilhosa, mas minha passagem por lá foi rápida, portanto não tenho muitas informações a respeito. Foram somente algumas horas, o que incluiu uma visita à lindíssima baía e uma volta pelas ruas, que incluem lojas simpáticas e bons restaurantes. Biblos é também palco de um importante festival musical que ocorre no verão.

No entanto, a visita a Beirute, Jounieh e outros pontos turísticos valeram muito a pena. Vale repetir: o povo libanês é um dos mais receptivos do mundo. Para quem quer se aventurar pelo Oriente Médio pela primeira vez, o Líbano é uma boa porta de entrada, não só pela boa receptividade, mas também por serem mais flexíveis em relação aos países vizinhos. Por isso, vale a visita. Será com certeza um ótimo passeio.

INFORMAÇÕES ÚTEIS

COMO CHEGAR
Não há voos direitos do Brasil para o Líbano. Saindo dos principais aeroportos internacionais brasileiros, há voos operados pela Air France, Alitalia, British Airways, KLM e Lufthansa, todos com escala. Saindo de São Paulo/Guarulhos, há as opções da Emirates (também pelo Rio de Janeiro), Etihad, Ethiopian, Qatar Airways e Turkish Airlines. Os preços variam de acordo com a data da viagem e a companhia aérea. O ideal é checar em sites de buscas.

Para quem está na Europa, outras companhias aéreas voam para Beirute: Air Germania, Bulgaria Air, Czech Airlines e Pegasus, além da Middle East Airlines, a principal companhia aérea libanesa, que opera voos de diversos países europeus para Beirute. Para quem tem o visto dos Estados Unidos, há a opção da American Airlines.

VISTO
Brasileiros não precisam de visto para visitar o país. Quem tem passaporte europeu também não precisa de visto, mas é melhor checar em algum órgão oficial, como site oficial de embaixadas. Porém, para todos é obrigatória a apresentação, logo no check-in, da carteira internacional de febre amarela emitida pela Anvisa (ou do órgão de saúde competente do país de origem). Sem este documento é impossível embarcar. Basta tomar a vacina (pelo menos duas semanas antes da viagem) em qualquer posto de saúde e levar o comprovante no posto oficial da Anvisa localizado em qualquer aeroporto e em algumas rodoviárias, preencher um formulário e pegar a carteirinha.

Muito importante: Anteriormente foi dito aqui que os oficiais da imigração olham todas as folhas do passaporte. Motivo: passageiros que tenham no passaporte o carimbo de entrada em Israel NÃO entram no país. Ou seja, se você já esteve em Israel e pretende ir ao Líbano, vai ter que cancelar seu antigo passaporte e fazer um novo. E isso não se restringe somente ao Líbano. No Oriente Médio, outros países têm a mesma regra, como o Irã.

DINHEIRO
A moeda oficial é a libra libanesa (LBP), mas o dólar americano circula livremente. Portanto, a melhor opção é levar dólares. Não se preocupe em trocar ao chegar lá, pois a maioria dos locais aceita a moeda estadunidense, mas é preciso se acostumar em pagar com o dólar e receber em lira. Os libaneses são em sua maioria muito honestos, mas é importante aprender a fazer o cálculo para não perder dinheiro e não se confundir na hora de pagar ou receber o troco. E o câmbio é fixo: US$ 1,50 vale 1000 LBP.

LOCOMOÇÃO E TRANSPORTE
O transporte do Líbano ainda é precário. O único transporte público é o ônibus e, mesmo assim, ineficiente. A melhor opção para circular pelo país é mesmo o táxi, mas é preciso combinar um preço antes da corrida pois eles não trabalham com taxímetro. Para visitar os locais afastados de Beirute, o ideal é perguntar na recepção do hotel ou fechar um valor com algum serviço de motorista, pois os táxis não costumam ir além da região entre Beirute e Jounieh, no máximo até Biblos, e mesmo assim o preço deve ser definido com muita conversa e paciência. Não é recomendável alugar um carro pois o trânsito é caótico e eles têm as próprias regras para dirigir. Fora da região central, as ruas são pouco sinalizadas.

HOSPEDAGEM
Atenção, mochileiros e adeptos de viagens low-cost: são pouquíssimas as opções de hostels. Beirute tem pelo menos dois conhecidos: o Hostel Beirut e o Mady's. Há também o Hostel Amada em Biblos. O valor dos hotéis varia muito, como em qualquer lugar. O ideal é evitar os mais afastados para não depender de táxi a todo momento. O Airbnb tem várias hospedagem disponíveis.

CLIMA
Para quem sofre com calor, evite os meses de julho e agosto. O verão é tórrido e úmido, mas ideal para quem quiser frequentar as praias. Porém, o ideal é ir na primavera ou início do outono para passear confortavelmente. O inverno costuma ser bastante rigoroso, inclusive com estações de esqui nas montanhas.

COMER. E BEM.
Este tópico já foi amplamente falado aqui, mas vale repetir: a culinária libanesa é espetacular. Os restaurantes têm preços acessíveis e bons cardápios. A maioria serve as entradas com pão árabe (não fale pão sírio lá, eles não gostam) com babaganuche, coalhada seca e legumes frescos. Os pratos principais incluem fatuche, quibe, arroz, quibe, quibe cru, saladas, peixes e assados. Tudo muito saboroso. E ótimo para vegetarianos.

As bebidas alcoólicas são permitidas e facilmente encontradas em bares, restaurantes e supermercados. Os vinhos libaneses são ótimos, em especial o Château Musar, um dos mais antigos e premiados vinhos do país.

Atenção especial para os doces. Maravilhosos. Não deixe de visitar a Sweet Sea. É uma espécie de rede de lojas de doces tradicionais árabes, bolos e sorvetes. Há diversas opções de compras: porções individuais ou caixas de até 1 quilo. E, sim, é possível levar os doces para casa. Eles embalam a caixa a vácuo e os doces chegam inteirinhos! Não estragam! Vale muitíssimo a pena, pois são maravilhosos.

COMUNICAÇÃO
O árabe é o idioma oficial, mas os libaneses são bilíngues, até trilíngues. O inglês é falado por eles principalmente na região central, e o francês é considerado o segundo idioma oficial. O sotaque é bem acentuado, mas compreensível e muito simpático.

É isso! Visitem o Líbano!


Fernando Rovéri é jornalista. A melhor forma de descrevê-lo é acessar o seu perfil do last.fm. É um “music addicted” que também ama viajar. Mora atualmente em Berlim que, segundo ele, é a melhor cidade do mundo. Seu desafio atual é tentar entender a língua alemã. Ama a cultura árabe e, sempre que pode, dá um pulinho até o Oriente Médio e arredores. Já visitou Egito, Líbano e Israel, e pretende ir para o Irã, Emirados Árabes e Catar.

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